MEUS OLHOS
Meus olhos não veem o abismo que há
Em cada esquina luminosa do prazer
Em cada curva dourada do outro ser
Meus olhos só chegam, onde o melhor está
Meus olhos não sabem das secretas maçãs
Que brotam no ermo da realidade
Que podres, não fecundam a felicidade
E no deserto dos sonhos, são vãs
Meus olhos, são dois aventureiros
Velhos viajantes sonhadores
Não veem o universo triste das dores
Nem sabem do silencioso perigo do vespeiro
Meus olhos contemplam o impossível
Um caminho de vidro e viscoso
Um infinito atraente e belicoso
Inocentes, passeiam num vale inverossímil.