Impressões

O que barra os olhos

é a própria visão

quando olham o mundo

não veem as imagens

mas sua impressão.

O que barra os ouvidos

é a própria audição

quando escutam o mundo

não ouvem seus sons

mas sua impressão.

O que barra as mãos

é o próprio tato

quando tocam o mundo

não sentem sua res

mas sua impressão.

O que barra o nariz

é o próprio olfato

quando cheira o mundo

não sente seu perfume

mas sua impressão.

O que barra a boca

é o próprio paladar

quando prova o mundo

não sente seu gosto

mas sua impressão.

E a mente, por ora, quieta

diante dessas impressões

se torna alerta.

E, por seu turno, a mente

recebe as impressões

e como lhe é peculiar

as interpreta,

não interpreta o mundo,

mas suas impressões.

Das impressões,

a mente cria do mundo

uma representação.

As imagens, os sons, a res,

o perfume e o sabor são

representações.

As impressões se tornam literatura,

romances, poemas, ensaios e artigos,

se tornam lendas, religiões e mitos,

se tornam educação e ciência,

se tornam leis, políticas e ideologias,

se tornam deus e deuses,

se tornam o próprio mundo.

Talvez a existência humana

só é possível por ser impressão

por ser fingimento.

Ou nada disso de verdade existe

e é só minha impressão.

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 01/07/2022
Reeditado em 02/07/2022
Código do texto: T7549933
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