CABRA-CEGA
Desde sempre, pergunto-me a sós
(empapuçado dos vazios, por fora
e por dentro, dos pelos que sobem
ao gel do tutano na veia nos ossos):
ser poeta é esta única e solitária aposta
àqueles que já beberam a última dose?
Às duas, tudo parece que são dezenove,
e sobre a cama do nada, mil vezes eu rolo.
Meu verso nunca termina: ele é provisório
(e morre após a primeira fresta da aurora).