recuso sair do meu exílio secundário
a fortaleza construída no século passado não resistiu a ingratidão
desmoronou e virou pó
assim como eu, sim eu
não resisti a minha brutal queda de ontem
as amizades andam hoje de bengalas
são cegas e surdas diante das inconsequências que nos vestem dia após dia
eu só queria um copo de água
um pouco de amor salgado foi o que experimentei
prenderam meus pés ao chão de madeira com pregos da intolerância
quem dera que todos os pombos voltassem antes do amanhecer
junto com os povos que partiram pra não sentirem meu ódio, minha raiva, meus dissabores
naquela estrada de barro morreu alguém há anos
a cruz velha tem seu nome
meu maior medo é não saber para onde ir ao acordar
depois de um pesadelo real
querem prender-me numa redoma
amarraram as minhas mãos no romance de mil páginas
eu já não escrevo sobre amores
falo de dores e flores para meninos e meninas que pinto a cores

Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 29/06/2022
Código do texto: T7548578
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.