NO PULSAR DO PEITO

Em minhas veias correm afetos

a irrigar as carnes e os tecidos

que me encobrem a alma

feito roupa nova de domingo

Trago nas hemácias o adocicado veneno

inalado do ar que te sai da boca

toda vez que me beijas a nuca

no assinar orvalhado do teu nome

Ah! como adoro o roçar dos teus lábios

em meu pescoço tantas vezes distraído

e no arrepiar periférico das membranas

despenteio minhas aradas morfologias

E em meu interior agora molhado

meu sangue quente escapa por inteiro

escorrendo líquido aos teus abraços

como um rio a desaguar no oceano

Em meu peito pulsam afetos

essas coisas que a poesia chama

muitas vezes meramente de amor

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 26/06/2022
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