NO PULSAR DO PEITO
Em minhas veias correm afetos
a irrigar as carnes e os tecidos
que me encobrem a alma
feito roupa nova de domingo
Trago nas hemácias o adocicado veneno
inalado do ar que te sai da boca
toda vez que me beijas a nuca
no assinar orvalhado do teu nome
Ah! como adoro o roçar dos teus lábios
em meu pescoço tantas vezes distraído
e no arrepiar periférico das membranas
despenteio minhas aradas morfologias
E em meu interior agora molhado
meu sangue quente escapa por inteiro
escorrendo líquido aos teus abraços
como um rio a desaguar no oceano
Em meu peito pulsam afetos
essas coisas que a poesia chama
muitas vezes meramente de amor