INDIZÍVEL, sou/ somos?
Ps/564)
Feliz eu quero ser!
Sei que o indizível,
Jamais direi.
Porque se sinto
Não saberei dizer.
Se lá no fundo
O lago esconde a lama
Por certo o pato
Não se arriscará
Ao mergulho.
O espasmo do poeta
Implode o coração.
Desafia na linguagem
O gosto do seu dizer
Que não profere.
Metáforas feridas
Escorrem , se masturbam
Nas entrelinhas
Para sua leve e,
Indefinida transparência.
O pensamento se achega
Com um bater de pulsos
Sem cessar, sem dizer
Sem pressentir, sem sentir
Diante do nada do que
Gostaria de dizer.
A pedra aquecida pelo sol
Ocupa seu espaço, inerte,
Sem fruto e sem razão,
Pousada na melancolia
No seu silêncio perpétuo.
Como um sopro, deixo
Invadir-me do que procuro.
Uma montanha, um riacho
Que canta, sob uma nuvem
Em fuga, que me encanta!
Pensa e pondera em
Sua sede de felicidade.
Embala no seu colo invisível
O sono que lhe foge,
Sua existência pura,
De Poeta.