Silêncios com dores
Que meus cabelos
Abracem o chão,
Sem soalhos de mim
Elas todas cabem-me assim,
Carrego-as como arreios,
Pesadas de seiva estão os seios,
Que amamentaram os abutres
Dessa vil sociedade,
Cheia de mortos vivos,
Cheia de inverdade,
Vampiros e lunáticos,
E todos outros males da criação,
Que estimulam hormônios da corrupção,
Da puta que finge ser honesta,
Mas, se envaidece com o cifrão,
Pois, tem o acesso entre as pernas,
A mágica que abre portas,
Em qualquer ocasião,
Condenada aos caprichos dos lordes,
Só enxerga o seu umbigo e suas vontades,
E que se danem os famintos,
Que morressem com os vômitos,
Da pálida miséria projectada,
Até a migalha é contada,
Aqui é, cada um por si,
E ninguém por todos,
Cada glote entoe seu fado,
E o amor sobrevida de ódios,
E que cada gaivota busque seu porto,
E morra no asfixiar dos seus sonhos,
Para que surjam caminhos medonhos,
E o silêncio volte a pisar as vítimas,
Que buscam o nascer da aurora (...)
(M&M)