Silêncios com dores

Que meus cabelos

Abracem o chão,

Sem soalhos de mim

Elas todas cabem-me assim,

Carrego-as como arreios,

Pesadas de seiva estão os seios,

Que amamentaram os abutres

Dessa vil sociedade,

Cheia de mortos vivos,

Cheia de inverdade,

Vampiros e lunáticos,

E todos outros males da criação,

Que estimulam hormônios da corrupção,

Da puta que finge ser honesta,

Mas, se envaidece com o cifrão,

Pois, tem o acesso entre as pernas,

A mágica que abre portas,

Em qualquer ocasião,

Condenada aos caprichos dos lordes,

Só enxerga o seu umbigo e suas vontades,

E que se danem os famintos,

Que morressem com os vômitos,

Da pálida miséria projectada,

Até a migalha é contada,

Aqui é, cada um por si,

E ninguém por todos,

Cada glote entoe seu fado,

E o amor sobrevida de ódios,

E que cada gaivota busque seu porto,

E morra no asfixiar dos seus sonhos,

Para que surjam caminhos medonhos,

E o silêncio volte a pisar as vítimas,

Que buscam o nascer da aurora (...)

(M&M)

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 21/06/2022
Código do texto: T7542897
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