O Rastro Prateado da Lesma
Jah assopra, apaga o castiçal,
Cai a noite tal qual uma pá de cal…
Sobre os restos mortais do dia.
Acendemos a fogueira da vaidade,
Não é somente Narciso que arde…
Lambido por essa labareda fria.
Fumaça, cano de descarga, revólver,
A toda a atmosfera envolve…
De abril a abril, ébrio pelo breu.
Se não faz gato, nem paga a Light,
Nunca terá um lampejo, um insight…
Na sala escura do seu eu.
Artificial como luz de mercúrio,
Duro como mármore, o murmúrio…
Ensurdecedor de dor das gralhas.
Em meio às sombras da caverna,
Não precisei guiar-me com lanterna..
Vi um rasta com tranças grisalhas.
Por isso não continuo na mesma,
Devagar, mas constante tal lesma…
Rastro prateado nas pautas do chão.
Eis a paisagem, abri a janela,
Cada sílaba vale uma vela…
No candelabro que ilumina o porão.
Acendo um incenso de almíscar,
Minha caneta então segue à risca…
Cada palavra ditada pelo coração.
Apenas vaga-lume, pisca-pisca,
Facho de luz, mera faísca…
Aura áurea, aurora boreal na escuridão.