Outro/Eu
Sempre que tentava ser nunca deixavam que eu fosse.
Sempre que eu sonhasse com o amanhecer, empurravam os meus sonhos para o lugar mais obscuro que eu não conseguisse os alcançar.
Me disseram que poesia não era arte de deixar herança e a minha esperança de ser alguém na voz de um outro ninguém morreu ali, naquele instante de desprazer.
Tentei ser diferente, mas poesia saía sem vida, sem estilo, percebi através dos meus olhos outros olhos tristes e decidi viver os meus olhos e os meus sentimentos.
Decidi viver minha arte sem ressentimentos, decidi viver para morrer sem herança, apenas com a esperança de algum dia alguém me tornar vivo em sua voz.