Dor

Abençoo minha solidão

Selvagem, querida e bem vinda

Bela, estocada e vívida

Nada importo o que pensem

Pois é da canção da vida

Compositora a morte

Um evangelho escrito

Uma personificante divinal ação

Apreendo do eu, esse meu

Instinto dos céus

Dá-me vida, paz e o próprio anoitecer

Enquanto aqui vivo esperançar

Outras vezes quis a morte

Noutros tempos ela veio

Com olhos verdadeiros

Como que dizendo - à ti me esmero!

Agora é divina e celestial

A composição

Que Deus mandou

Que cantassem as flores

Mas se os montes clamassem

Eu entenderia

Que a vida se refaz

No instante em que eu mesma grito

Um som abafado

A voz não me sai

Minha dor é subestimada

Meus órgãos e sentidos me traem

Certifico que parto

Confusa ainda não decido

Se meu eu é térreo ao subsolo

Ou crescentemente alado

E eu envolta

Nas próprias garras

Das águias que alimentei

Terá de ser um belo fim

Ou no mundo,

Sustento sem voz agora

Só com as mãos em mímica

A dizer-te em gestos não amigáveis

Que preciso tanto desde céu que me pintaram!

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 17/06/2022
Reeditado em 21/07/2023
Código do texto: T7539891
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