MEIO-DIA

O mesmo tempo que começa, também termina,

e tudo faz parte de apenas uma única premissa:

a de que o passado e o futuro não se distanciam.

E é só por isso que o poema, quando imita a vida,

sempre será outro, na largada do próximo dia.

Meu verso deita junto do despacho da esquina,

e vê os espíritos com suas taças cheias de sidra.

O outono esbanja esta luz ao redor do meio-dia;

o morro anuncia o brilho da tarde impressionista

(que desata o silêncio dos nós espessos da rotina).