A SINA DO POETA
A sina do poeta é saber o caminho
E sacrificar a sapiência de seus passos
Para se perder propositadamente
Na ternura efêmera dos mesmos abraços
É saber do que lhe causa dor
E, ainda assim, apertar a ferida
Como se lhe fosse, a poesia, um ardor
Capaz de queimá-lo, em fogo, a vida
A sina do poeta é desfrutar da dança
E, depois do deleite, recriar o momento
Como forma de perpetuar na lembrança
Tal qual as mães recordam um nascimento
A sina de um poeta é saber-se apaixonado
Pela beleza e encantamento da Deusa
E, assim sabendo, sentir-se desfigurado
Pela impossibilidade de alcançar a sua nobreza