Não Vivi

Não vivi

Sorrisos encondidos sob máscaras

derretendo-se como mentiras

Não vivi

Tristezas mentirosas, encabeçadas por teimosias cegas

Não vivi

Com dentes abertos escancarando posismos

e com coração fechado com cadeados

dos medos

Não vivi

Silêncios criminosos

Sinceridades suicidas

Não vivi

Emcabrestado como demente ágil e promíscuo, subalterno às ventanias

sem rumos

Entre rédeas volumosas como vexames sem tamanhos

Não vivi

Em currais lamacentos de hipocrisias

enbrutecidas

Entre cercas muradas de mediocridades ossificadas

com as infertilidades de proselitismos

baratos

Não vivi

Em monturos inférteis com as cicatrizes profundas de caminhos vulgares

Em desertos sem sóis

Não vivi com erros vis

Nem com abraços sem apertos

sem viço...

Não vivi olhares sem o testamento ocular de minha alma sedenta e apaixonada pela vida

Não vivi !

Não vivi !

Não vivi !

Sem os cheiros dos olhares de gente com cores de gente

Sem os perfumes dos sorrisos que perambulam encharcados de suas verdades

Não vivi

Sem o brilho dos átomos das estrelas

Sem o pulsar do chão que traço meus rastros

Não vivi

encaixotado em redemoinhos sem o êxtase de uma alma que goza

Sem o limiar das cores em ação

do meu coração - morada rebeldia

volúvel e obtusa

arrebentada pela fúria

pelo ímpeto

pela orgia

das Bonitezas límpidas, vívidas e vividas

Vivi sob os ritos litúrgicos

como prostituto da beleza

extasiado com a leveza

de não viver sem o útero da poesia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 16/06/2022
Reeditado em 16/06/2022
Código do texto: T7538952
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