CENÁRIOS
Eu não uso mangas; sou sem carta e camisa,
e prefiro que saibam logo das minhas feridas
camufladas, no entorno do que em mim levita,
sobre o breu dos desvãos da encruzilhada vazia.
Tenho as 22h na ponta do lápis; ouço a sinfonia
calada do vento gélido que engravida a cortina;
e há um almíscar subindo do bueiro da avenida,
no outono do meu verso, entre a noite colorida.
— E enquanto as luzes se apagam nas cozinhas,
acendo a zero hora, mas não fumo a sua poesia.