4 DANÇAS TRÁGICAS
Não há paz onde as perguntas permanecem,
adiando a vida que quer se encerrar a todo instante,
ocultando atrás de cada porta fechada pela indiferença,
alguma possibilidade de morte banal e silenciosa.
As divindades aprisionadas no barro do altar,
os retratos falsos de gente desconhecida,
as confissões patéticas escritas na imperfeição,
nada testemunham nessa sala com chão de pedra
onde toda gente que engana a Deus, vem dançar.
Os riscos antigos, de pés que sustentam os pecados,
são mapas da elegância pousada sobre a selvageria
de desejos ocultos na coreografia da civilidade,
negociando com o diabo o virtuosismo das maneiras.
Foi-se o tempo e a conveniência da história,
pulverizado nas teias e ferrugem dos candelabros.
A ausência é uma tragédia de outras épocas,
quando dançava-se pra que as horas se esquecessem
de cada cadáver que sobre a terra andava.