Espera

Na sala de espera ao meio dia

Ataco a metafísica sem rodeios

A sala de espera é a minha vida

A vida em seu meio dia

Estou no meio

Daquela selva selvagem

e obscura

A qual me vale a pena o pleonasmo

Balanço os meus pés como um menino

Contente e descontente com o recreio

Até ser, tudo é espera

Mas aqui devemos ser

Algum tipo de quimera

Entre o célico eo ferino

E mais um já foi chamado

Estava pronto pro lance

Ou foi pego desarmado

Sem cruz, sem chaga e sem chance?

Vou conversando fiado

De um saber que não possuo

Acendo uma falsa fogueira

Com os ponteiros do relógio

De paredes

Daquela que arde

E não se vê

É falso todo o fogo além do Sol

E aquele bebedouro

De água encanada

É fonte que afoga e não sacia

As lâmpadas no teto

De artifício

Calor que apenas queima e não aquece

Não perguntarei se me esquecem

Com medo de que se lembrem

Enquanto não sou chamado

Esta sala é minha casa

Nos contentamos com pouco

E esta vida às vezes basta

Até que não baste, deveras

Antes que eles me chamem

Desta sala de espera

Me tranco e me atraco em mim mesmo

A âncora às vezes

Pensa que navega

E temo mais o médico que a doença

Já tão íntima, tão minha e tão eu

Qual a fila?

Qual a senha?

Qual o preço?

Meu coração está a ponto;

À beira

Na sala de espera ao meio dia

Antes que eu caia...

"PRÓXIMO!"

...socorro!

David Ariru
Enviado por David Ariru em 11/06/2022
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