CORRENTEZAS
Você não faz a menor ideia da trilha sonora
e da melodia dos uivos (o dialeto do agora)
dos mil sonhos que transformei em cinema,
cena dentro da imagem; imagem feito poema.
Não economizei nos detalhes mais sórdidos…
Raspei toda a lama do fundo do meu poço fundo,
e ouvi os seus urros apavorados (quase sujos…),
no imperativo da sua voz tremida do sal do suor,
quando descia por suas veias intumescidas, roxas,
que pareciam explodir até o meio das suas coxas
permissivas, entreabertas, e a rosa preta do espaço
a consumir a matéria dos meus versos aficionados
nessas curvas em que os deuses esculpiram na cera.
Não tive as carnes e nem a poesia. Só as correntezas.