TRÊS

AMOR QUIETO

(Franklin Cirino)

Meu amor nunca me vê.

Passa sempre ereta,

Firme como uma torre que

toca com a língua os ares azuis.

Meu amor nunca saberá

que ergo sentinelas nas sombras

para mirá-la apartir deste meu Universo secreto,

Valioso e quieto como um diamante.

Passa com os cabelos trêmulos feito estrela,

E, às vezes, os contêm com as mãos!

Passa como passa uma deusa arfante do Olimpo,

Intocável,

Intacta,

Toda ensolarada

(ou enluarada).

E eu, pobre de mim,

Não sou astro nenhum.

Nem anel e satélite - ou qualquer corpinho celeste -

sou um jeca comum.

RECRIAÇÃO

(Franklin Cirino)

Acho que esse Estado me fez poeta.

E que ser humano passa pela Terceira Ponte

Num dia ensolarado

E não verseja quietinho dentro dos própios olhos –

Ensopados por tanta beleza e moles de tanto regozijo?

(O belo nos atiça poesia).

E que ser humano

Não escreve no seu coração um poeminha

Quando em viagem

Observa as montanhas frias

E sente o cheiro bucólico e branco

Que repousa sobre os cafezais?

Acho que esse Estado me fez poeta:

Há tanto poema já escrito no Espírito Santo!

A Pedra Azul é um poema.

O Convento da Penha é um poema.

A Praia da Costa e todas as praias

Já são poemas,

Nós só os recriamos,

Como o ourives recria o ouro.

ENTRE A MATA E O MAR

(Canção - Franklin Cirino)

Eu vim de uma terra abençoada po Deus

Cheia de verdes matas e frescor no ar,

Dunas, riachos e invejado mar.

Eu vim de uma terra abençoada por Deus

Cheia de belas montanhas e frescor no ar,

Hálito branco envolto no luar.

Ah, boa terra,

Preciso te rever.

Dos teus manjares quero desfrutar.

Ah, grande Pai,

Não me deixe morrer sem ver

a Mãe-terra capixaba.

Enfim, quando eu retornar quero ver

O Convento da Penha

e, entre a mata e o mar,

Terceira Ponte...

Praia da Costa.