O AZUL DA COR DO CÉU
Quase azuis eram os olhos de minha mãe
pois deles herdei este verde às vezes meio azulados
que como olhos de gato refletem o brilho das noites
dos escuros escondidos que agora eu trago
De mim ninguém conhece ou sabe
sequer minha mãe nem o anjo da guarda
e quem me vê assim andando
não enxerga o bater discreto das minhas asas
Há quem pense que sou mortal
só porque sou feito de ossos e carne
mas por detrás da minha face
sou celeiro dos sonhos sonhados
de algum deus velho que já morreu
nos milênios pelo tempo soterrados
Sou um Ícaro notívago que sobreviveu
que voa sobre as nuvens do céu que me encobre
de um azul tão azulecido como um dia foram
aqueles olhos quase anis de minha mãe
Tenho saudades dos olhos da minha mãe
e do brilho de me ver neles espelhado