O AZUL DA COR DO CÉU

Quase azuis eram os olhos de minha mãe

pois deles herdei este verde às vezes meio azulados

que como olhos de gato refletem o brilho das noites

dos escuros escondidos que agora eu trago

De mim ninguém conhece ou sabe

sequer minha mãe nem o anjo da guarda

e quem me vê assim andando

não enxerga o bater discreto das minhas asas

Há quem pense que sou mortal

só porque sou feito de ossos e carne

mas por detrás da minha face

sou celeiro dos sonhos sonhados

de algum deus velho que já morreu

nos milênios pelo tempo soterrados

Sou um Ícaro notívago que sobreviveu

que voa sobre as nuvens do céu que me encobre

de um azul tão azulecido como um dia foram

aqueles olhos quase anis de minha mãe

Tenho saudades dos olhos da minha mãe

e do brilho de me ver neles espelhado

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 09/06/2022
Reeditado em 09/06/2022
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