Novel

Hoje minh'alma encontra-se inacessível.

Percebo-me quase inabitado.

Não..., não credito isso aos transcorridos anos.

Tão somente ao que trazem e levam consigo.

Penso nas dunas de areia deslocadas pelo vento,

a revelar e encobrir ruínas.

Ignoro, porém, quais grãos me compõem, se das dunas ou das ruínas.

É que tenho experimentado uma entrega inconsciente à vida.

Covardemente tentado lutar contra toda a mesquinhez que me circunda e me fecunda.

Não tenho sido capaz. Não posso ser capaz.

Então, sim. Encontro-me exposto.

Vulnerável às circunstâncias do tempo.

Iludido, desejo convencer-me que estou a acumular tesouros outros.

Mas não existem ou não importam.

De tal modo, não me comprazo com a atitude autoindulgente de minh'alma.

Todavia, compreendo-a. E a convido ao retorno.

Prometo a ela, Vimala Devi: tornar-me-ei outro.

Não quero brinquedos e nem armas, mas lavarei meu cérebro de sonhos remotos...

E, quem sabe, terei até um coração de aço.

Ipatinga, 9 de junho de 2022.

Anderson Aquiles
Enviado por Anderson Aquiles em 09/06/2022
Reeditado em 05/07/2022
Código do texto: T7534231
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