Amor remanso
Tão pequenino, esgueirando-se na mata,
Um regato ao longe ouço, mansamente borbulhar.
Tão cristalina e tão pura suas águas,
Que iguais às minhas mágoas,
Não sei onde irão parar.
Vai meu querido regato, meio à vegetação...
Segue levando a vida, segue molhando o chão.
Meus olhos fazem jorrar água salgada no rosto,
E sozinho, por desgosto, não quero seguir mais não.
Ontem ela se foi, assim como suas águas...
Foi e levou minha vida, deixando vazio o meu leito.
Formam um riacho as águas, que brotam do fundo da terra,
Assim como minha dor, formou-se de um sonho desfeito.
A correr pelo regato, sempre estão águas novas,
Que iguais as esperanças vão e não voltam jamais.
Mas o meu peito doído, diferente das nascentes,
De amor agora chora, por ela e por ninguém mais.