Kleber Menestrel

Em noite de lua dourada

Como outras em janeiro

Rompeu-se a alvorada

E chorei em desespero

Minha mãe, já cansada

Olhou-me tão pequenino

E disse, emocionada:

É prematuro o menino!

Um quilo e oitocentos

De puro filé mion,talvez

Uns trinta centímetros...

Cabia na palma da mão.

Minha mãe não tinha leite

Minha pressa atrapalhou

Tive que tomar o da Nestlé

Que o meu avô comprou

Eu nasci em Icaraíma,

Outro nasceu em Itabira

Parceiros da mesma sina

De versejar e fazer rima

Logo mudamos pra Pérola

E de Pérola pra Xambrê

Cresci guacho em Xambrê

Cidade pequena e linda

No pescoço o estilingue

O calção de brim marrom

Calçando os pés um conga

Nada mais, assim tá bom!

Os rios de águas cristalinas

A Água d'abelha e o Baitira

As margens de areias finas

Quem conhece, te admira

Quão belo foram os dias

Do limiar da existência

E das muitas alegrias

Com olhos de inocência

Com meu avô ao lado

A passear na pracinha

Chupar sorvetes getato

Ou comer passoquinha

Na cerealista ali perto

Sempre tinha amendoim

E os pneus da bicicleta

Enchia no Posto Jardim

Aos dez já lia as poesias

Nos livros do abecedário

E tentava algumas rimas

Mas faltava o vocabulário

E na Capital do oeste

Que mana leite e mel

Aprendi a ser poeta...

Sou o Kleber Menestrel

E vivo a fazer versos

Uns com rima, outros não

Mas todos com o propósito

De afagar-lhe o coração

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 07/06/2022
Reeditado em 08/06/2022
Código do texto: T7532889
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