FUGA
Amo o imaginário,
Algo construído - unicamente - em minha mente.
Amo seus belos olhos e cabelos negros.
Escuros como a noite sufocante.
Amo-os infinitamente e, provavelmente, temporariamente.
Construo afagos no ar,
abraços apertados,
beijos ilusórios e situações não constituídas.
Tudo em minha mente atormentada por sua imagem desnecessária e longínqua.
Vento que bate em minha face cansada.
Vento que esfria minha alma, sufocada de tanto desejo.
Vento, que não pede licença, nem para entrar e, muitos menos, para sair...
Não olho mais para o céu...
Talvez seja a percepção do vazio, que corre em minha alma infeliz.
Talvez seja a realidade latente.
Talvez seja a claridade que cega.
Talvez seja o infinito...
Tudo construído em meu imaginário eterno, um pouco perspicaz, nada casual e, muito menos, realista.
Fujo para o Norte, para o Sul, para o Leste e, talvez, para o Oeste...
Sentidos efêmeros!
Construções imaginárias em meu manto eterno de desespero e devaneio.