Dona Menina
Me pergunto se te perdi,
pela bagunça da minha vida,
e pelos traços de passado
que deixei espalhados,
junto com as roupas
pela sala.
Ou talvez tenha sido
pelo entrelaçar das nossas mãos,
quando você não esperava
receber algum afeto.
Dessa maneira,
permaneço entre as minhas dúvidas,
e entre outras coisas
que insisto em deixar
fora de lugar.
Eu bem que podia
evaporar,
sumir, em plena luz do dia.
E ser arrebatado
pelas minhas lembranças,
das horas que passamos juntos.
Podia brotar na minha cama,
bem ao teu lado,
enquanto você suspirava,
tentando recuperar
o fôlego perdido.
Eu não fazia ideia,
que íamos nos perder, Dona Menina,
e talvez seja essa,
a minha sina.
Viver, amar, remoer,
e esperar.
Talvez seja essa a razão,
de toda poesia
que escrevo em vão,
e das tantas vezes
que volto a ter no pensamento,
a tua imagem,
atravessando o meu portão,
para nunca mais voltar.