Teias e pragas
Essas janelas permanecerão fechadas,
Verifico constantemente se a porta está trancada,
Se a torneira está aberta
E se a luz está ligada.
A garganta trancando,
O peito doendo,
Mas as janelas fechadas!
As cortinas impedindo que o sol entre,
As janelas para que a chuva não entre,
Que as pessoas não vejam e que quem passe não pare.
Essas janelas permanecerão fechadas,
E essas portas continuarão trancadas.
Nesse lugar ninguém entra,
E quem entra mal sai.
Quem foi não é aceito de volta,
E quem fica é porque se traí.
Nada é dito ou escutado,
Quem tá de fora pensa assim.
Quem tá dentro quebrou os copos
E gritou mil vezes um não pra sí.
Ninguém nunca bate à porta,
E quem bate logo vai embora.
Por que deixar alguém entrar
Se quando ver vai correr pra fora?
Que fique aqui registrado,
Até que se convença o contrário:
Essas janelas continuarão fechadas,
As portas trancadas, a luz apagada
E a casa juntando poeira, teias e pragas!