RESTO MORTAL

RESTO MORTAL

Afogo-me no vazio

Caudaloso rio

De desilusões e apatias

Talvez influência dos dias

Cinza escuros fechados

Silêncios eclipsados

Estropiado pelas notícias

Que servem como sevícias

Encapsulo-me entre paredes

Embruteço-me em redes

Palpito sobre tudo e todos

Escorraço sem modos

Impune sem medos

Infernizo vidas

Relativizo mortes

Gozo o infortúnio

Os sem sortes

Não mais toco ninguém

Tudo a distância em telas

Não dói qualquer esparrela

É apenas imagem de alguém

Que pouco amo ou detesto

Apenas desdenho como humano

Pouco importa

Já não presto

Sou apenas resto (mortal)

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 31/05/2022
Reeditado em 31/05/2022
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