A CRUZ DO MEIO
A cruz foi posta no alto
Cravada no Calvário.
A luz do meio-dia
Tecia o sofrimento
Cobrindo a nudez do Redentor.
O gosto amargo na boca sentiu
Cuspindo o favor
Que o soldado lhe fez!
O preço da traição o feriu
A quem ensinou o amor
Dedicaram o desprezo revez.
— - Se tu Es o Cristo, desce dessa cruz?
Assim acreditaremos
Que do mundo és a luz!
O condenado à sua esquerda
Publicava todo o seu repúdio.
Cadê o teu poder? És um inútil!
Porém, á sua direita
O outro ladrão assim falou:
— Eu creio que és o messias!
Salva-me Senhor.
As palavras do condenado
Conseguiram despertar seu sorriso.
Fazendo-o responder com o verso:
— hoje estarás comigo no paraíso.
E aos pés da cruz do meio
Uma mistura de raiva e choro:
Muitos soldados escarneciam,
Mas as Marias procuravam consolo.
Porém, num dado momento
O sol, tão triste, se escureceu.
Os mortos, das tumbas saíram
E o solo da terra santa estremeceu.
Apavorados, pelo grande acontecimento
Os fariseus começaram a se espalhar.
O véu do templo de longo comprimento
de alto a baixo começou se rasgar.
Aleluias! A porta da graça foi aberta
Para todo aquele mais vil pecador.
Como cordeiro mudo o cristo foi ferido
Para do mundo se tornar o Salvador.
A luz do meio-dia
Registrava o acontecimento.
Um momento tão cruento
Que ficou marcado na história.
Por suas pisaduras
A humanidade foi sarada.
A maldição que a ele foi lançada,
Foi transferida em bênção e vitória.
E hoje, após tantos séculos
Celebramos o triunfo do redentor
Que do Sepulcro a vida ressuscitou
Garantido, ao que crê, a vida na glória.