VIDA DE MATUTO
Já bebi água de quartinha
E também de uma jarra
Fui cabra macho, de garra
Medo nenhum eu tinha
Minha foice amoladinha
Cortava até madeira boa
Andava tranqüilo, à toa
Mesmo que fosse noitinha
Roçava mato durante o dia
Água pegava em uma cacimba
De noite na mulher tome bimba
Essa era a minha estrepolia
Menino eu tinha a vontade
É só o que pobre sabe fazer
E não venha me repreender
Era muito tesão na minha idade
Não aprendi a lição direito
Apesar de ter ido a escola
Matuto sabido logo decola
Ninguém acha nele defeito
Foi bom ter sido um matuto
De um interior bem atrasado
Trabalhei muito no pesado
Mas sempre fui bem astuto
Hoje morando aqui na capital
Com os filhos todos estudando
Descanso com eles ajudando
É somente lazer, etcétera e tal