VIDA DE MATUTO

Já bebi água de quartinha

E também de uma jarra

Fui cabra macho, de garra

Medo nenhum eu tinha

Minha foice amoladinha

Cortava até madeira boa

Andava tranqüilo, à toa

Mesmo que fosse noitinha

Roçava mato durante o dia

Água pegava em uma cacimba

De noite na mulher tome bimba

Essa era a minha estrepolia

Menino eu tinha a vontade

É só o que pobre sabe fazer

E não venha me repreender

Era muito tesão na minha idade

Não aprendi a lição direito

Apesar de ter ido a escola

Matuto sabido logo decola

Ninguém acha nele defeito

Foi bom ter sido um matuto

De um interior bem atrasado

Trabalhei muito no pesado

Mas sempre fui bem astuto

Hoje morando aqui na capital

Com os filhos todos estudando

Descanso com eles ajudando

É somente lazer, etcétera e tal

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 29/05/2022
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