HÁ VIDA APÓS O ESQUECIMENTO
Não foi o não-vir que doeu
O que doeu foi o quase-vir
Porque é dilacerante o genocídio
De todos os povos e situações
Que foram criados pela expectativa
De que um dia estaríamos juntos
Todo processo de esquecimento
Implica na morte do que criamos
Até que o amontoado de cadáveres
Desmoronem ao chão e possamos
Enxergar a realidade nua e crua:
Que há vida de fato após a morte
E a vida é o meu presente
Pleno de gratidão e paz
Extremamente colorido e confortável
Sem contar com o calor dos seus braços