Náusea, enjôos e embaraços
Náusea, enjôos e embaraços
Não é que eu seja frágil
ou uma questão de ser forte...
Apenas não estou bem.
Porque há de haver razão
para rir quando se vê a felicidade
em toda sua infinita efemeridade
e motivos para arrepiar-se quando nos toca
a instantânea essência do que é a morte?
Porque insistir em entender
se nosso futuro é esquecer
(e ser esquecido)?
Tão insuportável quanto a verdade
é a realidade.
Talvez por serem a mesma coisa.
Talvez por não haver talvez...
(Por mim, jogaria tudo pro alto:
não que o céu o mereça,
mas só prá sentir definitivamente
o peso de tudo isso em minha cabeça.
Hoje meu estômago embrulhou,
e todo o mundo parou:
se fosse o estômago da minha alma,
não seria nenhuma novidade...)
Estou indisposto, já disse.
Se não disse, sabes agora!
Minha indisposição é a mesma de todo dia:
viver uma vida que não é minha;
dizer que está tudo bem e perguntar por famílias alheias;
fechar os olhos para a mesquinhez de tudo e de todos;
e, sobretudo, ignorar minha própria vileza...
Deixe-me ser vil ao menos por um dia,
e tereis um ano de um bem educado
e sempre indisposto
(disfarçado, mas bem educado)
sorriso gentilmente falso.
E mais, até.
Naturalmente,
falsos.