Pequenas histórias 274
E a palavra se fez
E a palavra se fez no brilho suave da luz dos teus olhos.
A palavra se fez no mudo entre vozes soturnas do meio dia.
Palavra se fez nas caricias das árvores protegendo os escombros da vida.
A palavra se fez e se fará no grito dos desgraçados calados em seus cantos.
Lavra a palavra a forma nas arestas performáticas dos desgraçados famintos.
A palavra se enrosca nos alicerces arquitetônicos da avenida marcando minha presença.
Verifico em cada fibra apocalíptica a palavra ferindo pés descalços de sentimentos.
Rasga a carne toda palavra dita na raiva do ódio sem noção do que seja a palavra.
A palavra fere o poeta ao tentar expressar seu potencial fingidor de paixões.
Semente malévola crucificando ideias paridas nos escuros da memória que se perde.
Estrutura de aço e cimento no topo das palavras em estridentes sons de vida.
Fere a palavra a carne dos desejos surripiados nos escaninhos dos sexos não provados.
Elementos de vidas a agonizarem nos passos incertos caindo no buraco soturno da alma.
Zopeiro a minha sina está nas palavras que ainda não se fez no brilho dos teus olhos.