Estrofes avulsas, poesias incompletas (3)
I
O amor é teorema
que começa num sonho
e termina em poema.
II
Tua imagem me persegue noite e dia,
o meu corpo reclama tua presença,
mas durmo sozinho nesta cama imensa,
que fica maior sem tua companhia.
III
A mulher que por birra ou mágoa hoje não me liga
adora, por ciúme, iniciar uma briga.
Não tolera, mas perdoa meus passos em falso
e supera o ânimo de levar-me ao cadafalso.
IV
A espuma que em teu corpo permanece
após o ato de amor é uma prece
que rezam ungidas as nossas almas
pelo coito que ao findar nos acalma.
V
Não sei cantar, só sei chorar,
e chorar é o meu ofício,
imolação e sacrifício.
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Na ilustração, detalhe de Mulher Entre as Ondas de Gustave Courbet (França, 1819 – Suíça, 1877).