Esganiçado
Minguava o espírito faminto
Seu estomago roncava esganiçado
E em esquinas de palavras labirinto
No vermelho do sinal, pedia algum trocados
E vivia de sonhar com um banquete
Mas sempre lhe faltavam os substantivos
Era como se lhe puxassem o tapete
E oferecessem terra como aperitivo
Mas ruminava seus pedriscos
Quiçá uma pérola na sua dura digestão
Se da alegria pretendiam o confisco
Pelo menos na dureza a lição
Talvez um ode à perseverança
Seu hino pessoal à resiliência
Com a poesia fazia uma aliança
Que tornava mais leve sua sobrevivência
E mesmo suas rimas rafadas
Azedas porque fermentadas e repugnantes
Cavadas no lixo de uma mente magra
Ajudavam a enganar um apetite sitiante
E no tempero invertido pela imaginação
Das entradas maldades tirava todo o sal
E vasculhando na mente seu garçom
Esperava o maná como prato principal