Peleja

Quero estar em casa.

A casa que me protege da rua concreta e das paredes de esquina.

Mas tenho medo de ir.

Estar por lá sozinha é ficar à mercê de mim mesma.

Não sei me acarinhar.

Quero ser ríspida. Dizer o que me vêm à cabeça com firmeza.

Que se danem os piolhos de pombo acumulados no parapeito das janelas.

A vida é doença todo dia.

Todo momento é uma peleja na lida com a agonia.

Tomo remédio pra funcionar direito.

Sou canhota.

Meu peito tem acessos de raiva.

Não sei se te faço falta.

Quero estar onde posso chorar.

A casa que me protege do sorriso amarelo e não me obriga a conversar.

Alguém chega de viagem.

Não me interessam as novidades.

Mas tenho medo de nunca mais vir a sentir.

O que quer que seja para além da peleja que é o ato de existir.

@literuaitura