A Um Tom

Eu sou o chão pouco fecundado da minha geração/

Mas que pelo sim e não/

Nessa vida dei origens/

A outras vidas que aquecidas/

Pelo sol do amor são partes refletidas no espelho da água/

Como polém da flor em versos de sementes/

Que caminham com o vento/

Num tempo em que minha alma cala/

Em que minhas forças encalham/

Eu nessa transição já começo a me despedir/

Sinto as forças esvair/

Por isso teimo em vos insistir/

Sigam como os pássaros/

Andem como as formigas/

Amem, amem sem medo de amar/

Não temam as feridas/

Pois nessa arte/

Entre a dor que fazemos e o amor que aprendemos pulsa o valor da vida/

Eu...desse mundo/

Fui e sou o pó/

Por isso nunca me arvorei, em ser o melhor/

Sobretudo querer ter bastante/

A minha necessidade sempre se sentiu satisfeita com um cobertor/

A minha fome sempre se sentiu satisfeita com um prato de comida/

Uma casa de palha e o horizonte/

Que sempre ao fim da tarde sob minha janela surgia/

Hoje talvez eu seja mais do que ontem/

Porque tenho a cada um de vocês/

E os meus erros/

São sanados nos versos do meu amor/

Que a cada dia/

Nutro e dedico incansavelmente a cada fragmento/

Que chamamos de filhos/

Porque nesse mundo, não há razão maior, que tê-los/

E escrevê-los/

É o marco de toda nossa existência/

Se acaso, vocês tiverem mágoas/

Perdoe-me.../

Pois por vocês mesmos/

Saberão que o erro é humano e a misericórdia é de Deus/

Portanto assemelhem-se a ele/

Enquanto esse que vos fala sai de cena/