Metafísica
Às vezes são frios e tristes os dias.
E nublados e úmidos.
Sempre preferi esses dias.
Neles, atenuados os raios de Sol,
Manifesta-se outro tipo de vida.
Na ausência da potente arrogância da luz,
Emergem humildes das sombras.
Espoliados e subjugados sentimentos.
Mais frios e tristes que os dias.
Porém, pujantes e dinâmicos.
A demonstrar a natureza mutável das coisas.
A afastar as certezas de tudo e do nada.
Do lugar onde estou, vagueio.
Penso nos milhares de estrelas a explodir no Universo.
Poeira cósmica “inerte”.
Donde surge a vida em algum ponto do Espaço! (?)
Do espaço infinito..., ao infinito em mim...,
Sinto um vazio concêntrico..., negro e profundo.
Então, percebo...
Não eram eles a emergir.
Era eu a submergir.
Encontro-os no dinamismo pujante de sua essência,
Mas nada frios e tristes.
Estão livres na dimensão do Cosmos.
Na substância das coisas.
E de tudo e de todos.
Nada escapa à excelsa força que nos conecta.
Compreender isso “[...] é uma consequência de estar mal disposto”,
Já nos ensinava Fernando Pessoa.
Ipatinga, 7 de maio de 2022.