“Como se as margens do sonho”
Como se as margens do sonho
passassem diante das orbitas do meus olhos.
Como se as lágrimas vertidas
que são como chuvas no Verão.
Como se o beijo dos quinze anos
o bebe-se como este copo de vinho.
Como se o Tempo tivesse ainda
a duração do cheiro das laranjas nas mãos.
Ah, como provar a luz deste sol nos lábios
e dizer que tem o gosto das uvas?
Ah, como acariciar a luz desta lua nos ouvidos
e dizer que são como sonoras cascatas?
Deixem este corpo sobre a terra aberta
e que o vento seja um simples cobertor
Deixem esta alma vaguear sobre as ondas
de tantas inquietas ondas da humanidade.
Vergílio de Sena