“Como se as margens do sonho”

Como se as margens do sonho

passassem diante das orbitas do meus olhos.

Como se as lágrimas vertidas

que são como chuvas no Verão.

Como se o beijo dos quinze anos

o bebe-se como este copo de vinho.

Como se o Tempo tivesse ainda

a duração do cheiro das laranjas nas mãos.

Ah, como provar a luz deste sol nos lábios

e dizer que tem o gosto das uvas?

Ah, como acariciar a luz desta lua nos ouvidos

e dizer que são como sonoras cascatas?

Deixem este corpo sobre a terra aberta

e que o vento seja um simples cobertor

Deixem esta alma vaguear sobre as ondas

de tantas inquietas ondas da humanidade.

Vergílio de Sena

Vergílio de Sena
Enviado por Vergílio de Sena em 04/05/2022
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