COADJUVANTES

Nas noites estreladas

subo no telhado

do meu labirinto,

os desenhos cegos

me levam ao êxtase,

no fim,

sempre me pego

tateando o chão.

As lembranças

são tatuagens.

Algumas

são como as estrelas,

desaparecem quando amanhece.

Outras são como as sementes

na primavera,

estão sempre brotando.

No enredo cósmico,

somos coadjuvantes descartáveis

com curto prazo de validade.

Caçadores de narrativas,

sempre nos lambuzamos

com as mais doces.

Nos parques virtuais onde somos os galãs,

o hipnotismo da diversão

esconde os porões da escravidão.

As novas maneiras

de se usar correntes e cadeados

parecem altares de devoção.