PEDRA BRUTA.
De tudo deste encanto,
Quero dos olhos o pranto
Que se escorre e forma o rio.
A pedra bruta cai na lida ,
Vem aos tombos desgastando,
Perde uma ponta, perde um calo,
Vai mudando de paragens,
E resvalando nas margens,
Vai sofrendo os teus dias.
Vai batendo em outras pedras,
Acertando suas quinas,
E rolando em longos leitos,
Vai cumprindo sua sina.
Depois de um período longo,
De encontro e desencontro,
Deixa as agruras do rio,
Chega numa praia então,
Se ajeita nas areias,
E aquela pedra, bruta ,e feia.
Depois de tanto sofrer
Se encontra redondinha.
Brilha aos raios do sol,
Atrai os olhos do mundo,
E cumprindo seu caminho,
Vai num vaso repousar,
Enfeita uma sala triste,
Decora uma planta sem graça,
E toda sua caminhada,
Não terá válido nada
Se não nos fazer refletir.