Sou aquilo que não tem nome
Ah este meu desejo de tudo abarcar
A um dia de me matar,
Lembrando quem nunca poderei ser.
E como que versos espatifados
Por um ranger de dentes,
Ouso tensionar escrever este,
Mesmo descrente.
Cito a mim mesmo em terceira pessoa
E escrevo como um filósofo,
Julgo até poder dar aula,
Mas quem sabe dessa jaula
Eu um dia saia.
Não sei se tudo é apenas sonho,
Mas sonho e tudo me parece o mesmo,
Como o grito do invisível, e um acorde dissonante.
A imprevisibilidade me chamava,
Hoje mais do que antes
E mesmo sendo sujeito grande
A minoridade é o meu nome,
Então não ouse me admirar.
Faço de tudo o que eu vi
O que é por natureza,
Aquilo que por o ser
(Ter nome),
Não é nada mais que profundeza.
Mesmo o imperfeito sendo o que é,
E o poço tão fundo quanto o fundo abstrato do poço,
Sou para mim desconhecido,
Como o desconhecido profundo do poço.
E ouso impertinentemente pôr um fim em tudo isso,
Só por não ser eu, por isso é tão fácil,
Por que mais seria?
Este decrépito solo jaz eu?