Ausência do riso
Deparei com uma cruel realidade
Faz tempo que o riso foi deixado
Sorrir tornou-se em mim uma raridade
Assusto-me com meu próprio semblante,
Alegrias tornaram-se algo tão distante
Esse amargor, vai chegando sutilmente,
Vai ganhando espaço, e sequer percebe-se
A face vai endurecendo, perdendo o rubor
As feições vão gelando, morrendo
duros e frios como mármore
Ante a feiúra dos dias difíceis
Transformando, enrugando rostos
O que era pra ser constante, "o riso'
Torna-se um artigo de luxo
Em raros momentos ou jamais visto
Uma vaga lembrança...
Sinto a falta do meu riso torto
Sinto falta de sorrir para o nada
De sorrir diante de lembranças guardadas,
Procuro, forço e já não consigo
Rir tornou-se um suplício, algo mítico
Diante de tantas incertezas, dificuldades
E quem sorri, não o faz com naturalidade
Pois esconde grandes frustrações
E eu, quem dera soltar o riso extasiada
Não consigo não ser de verdade, uma lástima!
Sinto falta enfim das minhas gargalhadas
Que ecoavam até a alma em estado de graça
O riso murchou na ligeireza do tempo
Que maltrata, nos tira motivos
Que bate como ninguém, o riso perdeu o sentido, diante da vida ácida
Sorrir tornou-se um gesto esquecido.