Bolero
Não assumes o regresso,
Tudo bem,
Eu não presto.
Come a carne e junta os restos,
Sou refém,
E réu confesso.
Devagar me beija boca,
Como louca,
Rasga roupa.
Me prende por entre as coxas,
Sou a presa,
És leoa.
Na volúpia falta o verbo,
Aos gemidos,
Eu me entrego.
Sussurra durante o sexo,
"Tô aqui",
"Eu te quero".
E o pecado alguém perdoa,
Me devoras,
Enquanto escoa.
E seu grito em mim ecoa,
Me transbordo,
Em lagoa.
Na vitrola um bolero,
Sem refrão,
Um mistério.
E a tristeza eu me entrego,
Mais um fim,
Eu detesto.