A falta que a vida faz
Quando se tem um corpo mórbido
Olhos grandes e negros que podem
Ver além
Mãos frias e pálidas que tocam o partir -
Se tem a morte como hóspede.
Quando se tem um corpo mórbido
Esse olhar é qual penumbra
Melodioso, impactado pelo devir - eles vêem o que virá!
São lentes póstumas e derradeiras
Podem enfeitiçar
Quando se tem olhos de morte
Olha-se de dentro e pelo âmago
Atrela-se o olhar ao da noite
Tão escura quanto o pensar.
As mãos frias que tocam o piano
Que reage e sente-se frio também
Despontam os acordes das melodias
Da morte e da solidão
Bela visão, melancólico desatino, Inquietantes vislumbres do aqui jaz.
É na noite que a vida falta faz?
Morte que desce repentina
Faz-se criança, velho, e jovem corpo
Ri, se lamenta, brinca comigo.
E não é também a noite, morte do dia?
Morre-se, morreu, morrerá
Quando se tem um corpo mórbido
O espírito moribundo vaga pelos cantos
As paredes da casa tem cheiro de morte
As janelas vêem o além.
A falta que a vida faz nesses instantes...
Qual falta que a vida faz?
Quando se tem o que achas que mereces
A vida não faz falta mais.