A falta que a vida faz

Quando se tem um corpo mórbido

Olhos grandes e negros que podem

Ver além

Mãos frias e pálidas que tocam o partir -

Se tem a morte como hóspede.

Quando se tem um corpo mórbido

Esse olhar é qual penumbra

Melodioso, impactado pelo devir - eles vêem o que virá!

São lentes póstumas e derradeiras

Podem enfeitiçar

Quando se tem olhos de morte

Olha-se de dentro e pelo âmago

Atrela-se o olhar ao da noite

Tão escura quanto o pensar.

As mãos frias que tocam o piano

Que reage e sente-se frio também

Despontam os acordes das melodias

Da morte e da solidão

Bela visão, melancólico desatino, Inquietantes vislumbres do aqui jaz.

É na noite que a vida falta faz?

Morte que desce repentina

Faz-se criança, velho, e jovem corpo

Ri, se lamenta, brinca comigo.

E não é também a noite, morte do dia?

Morre-se, morreu, morrerá

Quando se tem um corpo mórbido

O espírito moribundo vaga pelos cantos

As paredes da casa tem cheiro de morte

As janelas vêem o além.

A falta que a vida faz nesses instantes...

Qual falta que a vida faz?

Quando se tem o que achas que mereces

A vida não faz falta mais.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 21/04/2022
Código do texto: T7500096
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