UNICÓRNIO BRANCO
Há pessoas que têm animais de estimação,
uns são gatos, outros cachorros.
Existem aqueles que gostam de pássaros,
periquitos, canários e papagaios.
Já eu, menino, tinha um unicórnio,
alvo como a neve e branco que nem a luz
Eduardo, meu vizinho,
dizia que tinha um anjo da guarda
- porém, quem precisa de anjos
com um unicórnio branco ao seu lado?
Meu unicórnio não tinha nome,
apelido, epiteto, nem era batizado.
Mas eu ainda não brincava com as palavras,
cavalgava o mundo muitas vezes
sem sequer sair do quarto.
O unicórnio branco era manso e calmo,
como dóceis devem ser todas boas amizades.
Vivia nu em pelo,
puro e leitoso que nem seio de mãe,
e com ele junto, perto e chegado,
não tinha medo de nada,
de bruxas, dragões, monstros ou fantasmas,
era só fechar os olhos
e voar para o alto em seu dorso alado.
Por não ser azul como o teu, Sílvio,
ele nunca de mim se perdeu,
fugiu, sumiu ou desapareceu.
Se hoje ele não está comigo a me acompanhar
foi porque o deixei sozinho e esquecido
naquele quarto que ficou lá atrás
Quando tenho saudades do meu unicórnio branco,
retorno à casa do menino e vou com ele
novamente brincar, cavalgar e voar
Meu unicórnio tem a imortalidade
duradoura das minhas lembranças