UNICÓRNIO BRANCO

Há pessoas que têm animais de estimação,

uns são gatos, outros cachorros.

Existem aqueles que gostam de pássaros,

periquitos, canários e papagaios.

Já eu, menino, tinha um unicórnio,

alvo como a neve e branco que nem a luz

Eduardo, meu vizinho,

dizia que tinha um anjo da guarda

- porém, quem precisa de anjos

com um unicórnio branco ao seu lado?

Meu unicórnio não tinha nome,

apelido, epiteto, nem era batizado.

Mas eu ainda não brincava com as palavras,

cavalgava o mundo muitas vezes

sem sequer sair do quarto.

O unicórnio branco era manso e calmo,

como dóceis devem ser todas boas amizades.

Vivia nu em pelo,

puro e leitoso que nem seio de mãe,

e com ele junto, perto e chegado,

não tinha medo de nada,

de bruxas, dragões, monstros ou fantasmas,

era só fechar os olhos

e voar para o alto em seu dorso alado.

Por não ser azul como o teu, Sílvio,

ele nunca de mim se perdeu,

fugiu, sumiu ou desapareceu.

Se hoje ele não está comigo a me acompanhar

foi porque o deixei sozinho e esquecido

naquele quarto que ficou lá atrás

Quando tenho saudades do meu unicórnio branco,

retorno à casa do menino e vou com ele

novamente brincar, cavalgar e voar

Meu unicórnio tem a imortalidade

duradoura das minhas lembranças

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 21/04/2022
Reeditado em 21/04/2022
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