EXÍLIO DE MIM
Preso neste chão estéreo:
Onde a terra não tem o cheiro do meu chão,
Onde o vento sopra triste
E não canta uma canção.
Vejo cores em tudo, minha terra, do lado de lá,
Chão alheio, tudo turvo, vejo assim do lado de cá.
Os “barcos” da minha terra,
Nunca navegariam,
Neste triste “mar”.
Cercado de tudo em nada.
Aqui, até o sol tem vergonha de mim!
Lá..., o meu céu não é assim,
O sol brilha do começo ao fim.
Aqui, as faces não brilham,
Os olhares não trilham;
Os sorrisos não vêm.
Exilado neste chão estranho,
Só os pensamentos têm prazer tamanho,
Em andar pelas ruas onde cresci.
As lembranças abraçam meu povo,
E eu de novo,
Exilado em mim.
Mas quando lá chegar
Na “terra” do meu “mar”,
Saberei o valor de cada “folha”,
Mesmo aquela, que seca,
Viaja ao vento
E rola pelo chão.
Ênio Azevedo