O JAZIGO DAS COISAS FINDAS
No fundo dos retratos mora o tempo passado
memórias sobreviventes de instantes terminados
e de sonhos que nunca foram realizados
No interior encovado dos retratos repousam
aqueles segundos velozes que como raios
relampejaram em um piscar de olhos
e se foram carregados pelos agoras dos ontens
esquecendo de levar suas sombras
que se grudaram impressas em papéis
em que hoje não se fotografam mais
Tudo já se foi no interno íntimo dos retratos
o menino, o rapaz, as roupas, o cabelo
até mesmo as cadeiras, a mesa, o sofá
e os adultos perambulando por ali estáticos
que hoje são somente reminiscências e fantasmas
Tudo aquilo deixou de existir exceto o flagrante
e o que sentem o interior dos retratos