Duelo

Novembro caiu em minha alma

como esperança a suplantar desespero

em meio ao caos.

Reuni seus pedaços

e varri para longe

os finos cristais

que não consegui recolher.

Agora, o que me resta fazer?

Colocá-los no coração,

em forma de prisma,

tal e qual meu ser,

que reflete luz aos filetes,

fragmentos dos meus sentimentos.

Mas dezembro

o aço do desgosto

de agosto,

o gelo do Natal,

do Natal europeu,

e o frio da Antártida,

de onde a dor

vem para me dar sofrimento.

Surge,então, o horizonte

de um olhar

e o que era dor,

metamorfoseando amor.

O amor que era dezembro.

Monstros imaginários

e demônios alados,

que desenham temor

pelas sombras

que me vêm à mente.

Enquanto as sombras de dezembro

assombram os sonhos,

o gosto pelo novo e excitante vôo

faz amanhecer esperança.

Lá vem mudança!

Lá vem alguém

com a folha armada

e a palavra afiada,

na esperança vã

de convercer alguém

que nasceu no gelo.

Há uma Rosa,

mas flor alguma há.

Vã é a agrura que embala

feito canção

a vida que emoldura

tanta solidão.

A Rosa persiste em ser Rosa,

no pedregoso solo da existência.

As flores que não têm o sol,

mas apenas a sombra

da fúria da noite,

são rasgadas por dedos desesperados,

que buscam esquecer alguém...

Flores, embaçadas pelo medo

de sentir o que de fato já se sente,

trazem o desbotado desencanto

e a palidez do terror.

Todavia o arco-íris está a um palmo

da palma das pétalas descabeladas,

que dançam nas mãos do Poeta e,

na ponta do pincel,

salva-se todo o jardim...

("Duelo", na verdade, é um dueto elaborado por mim e por meu grande amigo e escritor Roberto.)

SueliFajardo
Enviado por SueliFajardo em 23/11/2007
Código do texto: T749830
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