BEM-ME-QUER

Pensativo, agora, lembrando Cristine!

Menina morena,

cheirinho de livro novo,

Aquele frescor, sem tamanho,

a toda hora, a qualquer hora.

Recém-saída da casca de ovo.

Como a deusa Vênus,

surgindo num mar de espuma.

Aquele dengo que deixava a gente com febre.

Impossível despregar daquele visgo!

Minha mãe que falasse ao vento,

Cuidado com esse povo! Jogue uma carta de menos!

Talvez que a parede melhor ouvisse dela

sábios, sérios e inúteis conselhos.

Quando caísse a tarde, certo que nos encontrássemos na pracinha,

para as brincadeiras estendidas até a noite.

Sonhos, risos e promessas

de paraísos sem fim.

Mas, desde muito, aquele grilo na cabeça:

Será que ela é capaz de gostar de mim?

Quererá ela namorar comigo?

Perguntar seria a solução.

Mas cadê coragem. E se a resposta fosse não?

Ai meu Deus!

E se fosse sim!

Explodiria de felicidade!

Que agonia! Ai de mim!

Estrada de terra, com pródigas abas de mato e grama.

Numa curva, de repente,

vários pés de flor de cosmos,

intensamente floridos,

expondo o esplendor de flores alaranjadas,

sob o sol implacável do meio-dia.

Abelhas fazem intenso zunzum,

colhendo apressadinhas

a preciosa matéria-prima para o mel.

Algumas borboletas disputam espaço com as abelhas.

e, bem ao lado, num cada da rua,

numa poça quase extinta,

outras tantas borboletas,

de todos os formatos e cores,

recolhem, lentamente,

os sais do barro que margeia a pequena poça.

Oh florzinha alaranjada,

simplesinha,

de terra sem dono!

Ternurinha de beira de estrada,

me diz, por bondade,

se ela me quer ou não me quer!

Oh florido pé de cosmos,

Me empresta uma florzinha

que seja sincera comigo.

Bem-me-quer!

Tire logo a minha angústia,

esse duvidar sem fim...

Morena! Menina! Cristine!

Gosta ou não gosta de mim?

Bem-me-quer... mal-me-quer... bem-me-quer...

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 18/04/2022
Código do texto: T7497925
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