DEVANEIO
À beira do lago saboreando um carpaccio,
Sob as águas transparentes, vi teu rosto no riacho,
Teus cabelos negros, cada fio, cada cacho;
Sorriso lindo! Sonhei acordado, eu acho!
Canto de pássaros, ventos refrescantes,
São esses instantes,
Que a gente nunca esquece!
Sem barulho de carros,
Sem fumaça de cigarros;
Nem bala perdida,
Tampouco, uma vida corrida,
Apenas uma rede na varanda
Na paisagem linda e branda,
Do campo.
Ar puro!
E sob o silêncio de tudo,
Sonho!
Revigoro a alma
E espanto o trauma
Do medo
E do mal.
Olhos fechados, cidade verde,
Nada se perde,
Nesse acorde,
De fartos sons.
Olhos abertos, selva de pedra,
Ninguém de ninguém
Talvez alguém
Que se espera e não vem.
Ênio Azevedo