POEIRA CÓSMICA
Não peço nada a Zeus
ele nunca me deu nada
No imenso espaço do Cosmo que me encobre
não sei meu lugar
nem onde fica Alfa Centauro
De que ponto eu olho
sou apenas um microponto
olhando um acanhado pedaço
da vastidão abissal do Universo
Na orfandade dos meus deuses gregos
sou filho único perdido no meio de tudo
como um cisco despregado de um meteoro
a perambular sem rumo com destino
ao extravio das minhas tantas perdas
em que também irei ali me ocultar
Mas como posso me ocultar
se já sou pelo céu ignorado?
Talvez consiga somente me retirar
deste mundo que me foi alheio
e desaparecer no interior apático
do meu próprio invisível desparecimento
E depois sumido e apagado
retornarei como uma Fênix ressuscitada
a brilhar como uma estrela no firmamento
de uma Mesopotâmia que não existe mais
Por isso prefiro amar meus próximos
que ser amado por toda Humanidade