POEIRA CÓSMICA

Não peço nada a Zeus

ele nunca me deu nada

No imenso espaço do Cosmo que me encobre

não sei meu lugar

nem onde fica Alfa Centauro

De que ponto eu olho

sou apenas um microponto

olhando um acanhado pedaço

da vastidão abissal do Universo

Na orfandade dos meus deuses gregos

sou filho único perdido no meio de tudo

como um cisco despregado de um meteoro

a perambular sem rumo com destino

ao extravio das minhas tantas perdas

em que também irei ali me ocultar

Mas como posso me ocultar

se já sou pelo céu ignorado?

Talvez consiga somente me retirar

deste mundo que me foi alheio

e desaparecer no interior apático

do meu próprio invisível desparecimento

E depois sumido e apagado

retornarei como uma Fênix ressuscitada

a brilhar como uma estrela no firmamento

de uma Mesopotâmia que não existe mais

Por isso prefiro amar meus próximos

que ser amado por toda Humanidade

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 18/04/2022
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